Primeiro escrito do projeto

27/04/2020 11:11

PARAQUEDAS COLORIDOS

(por Paula Nascimento).

Das ruas vazias queria escutar
Aquilo que não ouço mesmo ao me calar
Cheias, no entanto, voltaram a estar
Barulhos das buzinas, motores, impaciências filas e, poucas máscaras ainda, displicências
Acreditei por instantes que o solidário suportaria o difícil viver solitário
Que cresceríamos juntos, ainda que distantes
E que as redes virtuais nos transformariam em humanos amorosos, ainda que mutantes
Doce ilusão, acreditar que o topo do Himalaia reaparecido
Seria sim sinal de um viver ressignificado, um existir renascido
Me preparei inocentemente para a queda coletiva
Construir paraquedas, quem diria?
Mas me dei de frente com a realidade
Essa de natureza acachapante e que nos rouba repetidamente a criatividade
Podemos, nós, faltantes, faltosos, sofridos e abandonados inventar um existir mais colorido, quiçá, prazeroso?
Dizem-me amigos, colegas e desconhecidos, gentes de toda parte: há sim, desde que seja aqui em ato, em harmonia com a ancestralidade e, com a Terra, respeitoso.