O vento

27/04/2020 11:29

(Por Simon, o débil)

este enteal
eterno
dos tempos
não aventa
falta de prumo
paciência
acolhe quem
respeita
a força
dos elementos
doçura
ternura
bravura
lhe impõe
respeito
de repente
assim
somos enamorados
elevados
ao sabor
dos tempos

Será mesmo?

27/04/2020 11:19

Por Valter dos Santos

Estava sozinho na mata

Na mata fechada com os animais

Tinha árvores e muito Mais

E Deus eu acho…. Fiz fogo de tanto medo

Estrelas eu olhava

As vezes subia na árvore

Minha cama era árvore…

Será que estava sozinho

Em meio a tantas coisas

Deus era mesmo verdade

Se Nei o conhecia

Mas na verdade

Meu ser maior era

Árvore

Animais

Água

Terra

Acho que era esse o Deus….

(Texto de uma conversa entre Valter e um senhor Kaingang que ficou perdido na mata e com medo, falando que a mata é Deus).

Primeiro escrito do projeto

27/04/2020 11:11

PARAQUEDAS COLORIDOS

(por Paula Nascimento).

Das ruas vazias queria escutar
Aquilo que não ouço mesmo ao me calar
Cheias, no entanto, voltaram a estar
Barulhos das buzinas, motores, impaciências filas e, poucas máscaras ainda, displicências
Acreditei por instantes que o solidário suportaria o difícil viver solitário
Que cresceríamos juntos, ainda que distantes
E que as redes virtuais nos transformariam em humanos amorosos, ainda que mutantes
Doce ilusão, acreditar que o topo do Himalaia reaparecido
Seria sim sinal de um viver ressignificado, um existir renascido
Me preparei inocentemente para a queda coletiva
Construir paraquedas, quem diria?
Mas me dei de frente com a realidade
Essa de natureza acachapante e que nos rouba repetidamente a criatividade
Podemos, nós, faltantes, faltosos, sofridos e abandonados inventar um existir mais colorido, quiçá, prazeroso?
Dizem-me amigos, colegas e desconhecidos, gentes de toda parte: há sim, desde que seja aqui em ato, em harmonia com a ancestralidade e, com a Terra, respeitoso.

Como participar?

23/04/2020 11:15

O Projeto Paraquedas Coloridos reúne a produção de escritos, numa perspectiva livre e coletiva.

Para participar basta enviar seu escrito aqui, com nome real ou fictício. Seu texto será publicado em nosso site e instagram.

Nosso objetivo é estimular a escrita inventiva neste momento de pandemia.

Acesse nossas redes. Instagram @paraquedascoloridos. Site: www.paraquedascoloridos.ararangua.ufsc.br 

Por que Paraquedas Coloridos?

23/04/2020 10:37

 

Vivemos dias do fim. O encerramento de ciclos, sejam eles pequenos como nossas breves existências, ou extensos como a vida do planeta ou do universo, trazem como principal característica um balanço. Nos demos conta do fim quando lembramos do início, quando avaliamos como foi o percurso e quando tentamos tirar conclusões da jornada. Por isso vivemos dias do fim. Muito tem se dito, que após a crise da Covid19 passar, não seremos mais os mesmos. Nossas vidas já mudadas não voltarão ao que eram antes e que a vida terrena também não será mais a mesma. Vivemos nesse momento um queda vertiginosa diante de tudo que nos era habitual, conhecido, de tudo que chamávamos de cotidiano.

De modo visionário, Ailton Krenak, indígena, escritor e ambientalista brasileiro em seu livro entitulado “Ideias para adiar o fim do mundo” já nos alertava sobre a necessidade de reinventarmos o nosso modo de viver na Terra e reconsiderarmos nosso conceito de humanidade. Krenak afirma que o uso exploratório dos recursos ambientais e o distanciamento dos valores ancestrais a favor do desenvolvimento econômico, tecnológico e científico nos distanciou da felicidade, agora entendida a partir do consumo desenfreado de objetos, coisas, animais, pessoas. Para o autor viramos bebês demandantes de uma teta que nos alimenta ininterruptamente, a Terra, e que a qualquer sinal da retirada desse alimento nos coloca diante do fim do mundo. Criamos disputas de toda ordem para manter a teta e, assim, criamos abismos entre nós, já não somos mais uma humanidade. Krenak então interroga o leitor se os abismos já estão colocados e se a queda é inevitável (até porque já caímos tantas vezes em tantas partes do mundo) como ressignificar o existir humano na Terra? Como reinventar a palavra humanidade?

Perguntaríamos: como viver a queda imposta por essa pandemia inédita para nós?

Inspirados na resposta de Krenak, apostamos também na criação de paraquedas coloridos. Invenções coletivas, formas de viver pautadas na fruição do aqui e do agora, em harmonia com nossa ancestralidade, alimentados pela vivência amorosa com a Terra, nossa grande mãe, essa que nos faz ser quem somos, essa que somos nós.

Olá, mundo!

15/04/2020 14:15

Somos um projeto de extensão ligado ao Laboratório de Humanidades da UFSC Araranguá e queremos estimular a escrita inventiva de estudantes, servidores e comunidade externa.

Ajude a divulgar a ideia! Siga nosso Instagram: @paraquedascoloridos