Paraquedas Coloridos
  • Um ano de queda (texto comemorativo de um ano de projeto)

    Publicado em 21/04/2021 às 12:29

    (Composição coletiva: Iclícia, Joel, Paula, Valter – 21 de abril de 2021).

     

    Sonhos em queda, livres?

    Sonhar parece algo tão imaginário e lindo ou talvez para muitos tão distantes e impossíveis, constante acordar de um sono leve-pesado. Para meu mero imaginário culto o sonho é vindo de cargas magnéticas cheias de prótons ou elétrons, quando positivo repasso para pessoa que mais lhe convém, quando negativo, mesma coisa, isso vem dos Deuses como ar, água, sol e solo.

    Nos ventos fortes da vida
    Balançando por entre os dias
    Caímos lendo vendo a bahia
    A montanha imponente os pastos à frente
    Tudo relembra uma queda eminente

    E caímos
    Em queda
    Quedamos
    Ficamos caindo sem medo
    Cair não é novo para nosso povo humano

    O sonho parece descer como um paraquedas de cores neutras em momentos difíceis como esse de pandemia, fazendo do momento da queda muito acentuado e doloroso. Os ancestrais desta Terra iam dizer que precisamos refletir e purificar a alma, com respeito e amor ao próximo, para não tomarmos decisões precipitadas, pois como é elegível por Deuses da natureza, e claro com seus poderes sobrenaturais e de conhecimento natural, cuida do seu povo, como políticos que deveriam cuidar da sua nação.

    Para o fim imperativo, a queda é o que nos resta
    Quanto há de pressa?
    O prazer da velocidade
    Violência rumo à fatalidade
    Sonhos inquietos, livres?

    Mas como é lindo podermos contar isso de forma livre, colorindo os céus como paraquedas de diversas cores e autores, aterrissando em diferentes solos, sentindo cheiros de matas, o barulho de águas sobre pedras. Assim, ouvindo as crianças dizendo que as cores que elas gostam em seu imaginário seja uma cor colorida, assim é a beleza das coisas simples e reflexivas.

    Não paramos a queda
    Seguimos de paraquedas
    Cair não é novo para nosso humano
    E caímos
    Um ano só caindo
    Fizemos juntos o caos


  • O vento

    Publicado em 27/04/2020 às 11:29

    (Por Simon, o débil)

    este enteal
    eterno
    dos tempos
    não aventa
    falta de prumo
    paciência
    acolhe quem
    respeita
    a força
    dos elementos
    doçura
    ternura
    bravura
    lhe impõe
    respeito
    de repente
    assim
    somos enamorados
    elevados
    ao sabor
    dos tempos


  • Será mesmo?

    Publicado em 27/04/2020 às 11:19

    Por Valter dos Santos

    Estava sozinho na mata

    Na mata fechada com os animais

    Tinha árvores e muito Mais

    E Deus eu acho…. Fiz fogo de tanto medo

    Estrelas eu olhava

    As vezes subia na árvore

    Minha cama era árvore…

    Será que estava sozinho

    Em meio a tantas coisas

    Deus era mesmo verdade

    Se Nei o conhecia

    Mas na verdade

    Meu ser maior era

    Árvore

    Animais

    Água

    Terra

    Acho que era esse o Deus….

    (Texto de uma conversa entre Valter e um senhor Kaingang que ficou perdido na mata e com medo, falando que a mata é Deus).


  • Primeiro escrito do projeto

    Publicado em 27/04/2020 às 11:11

    PARAQUEDAS COLORIDOS

    (por Paula Nascimento).

    Das ruas vazias queria escutar
    Aquilo que não ouço mesmo ao me calar
    Cheias, no entanto, voltaram a estar
    Barulhos das buzinas, motores, impaciências filas e, poucas máscaras ainda, displicências
    Acreditei por instantes que o solidário suportaria o difícil viver solitário
    Que cresceríamos juntos, ainda que distantes
    E que as redes virtuais nos transformariam em humanos amorosos, ainda que mutantes
    Doce ilusão, acreditar que o topo do Himalaia reaparecido
    Seria sim sinal de um viver ressignificado, um existir renascido
    Me preparei inocentemente para a queda coletiva
    Construir paraquedas, quem diria?
    Mas me dei de frente com a realidade
    Essa de natureza acachapante e que nos rouba repetidamente a criatividade
    Podemos, nós, faltantes, faltosos, sofridos e abandonados inventar um existir mais colorido, quiçá, prazeroso?
    Dizem-me amigos, colegas e desconhecidos, gentes de toda parte: há sim, desde que seja aqui em ato, em harmonia com a ancestralidade e, com a Terra, respeitoso.


  • Como participar?

    Publicado em 23/04/2020 às 11:15

    O Projeto Paraquedas Coloridos reúne a produção de escritos, numa perspectiva livre e coletiva.

    Para participar basta enviar seu escrito aqui, com nome real ou fictício. Seu texto será publicado em nosso site e instagram.

    Nosso objetivo é estimular a escrita inventiva neste momento de pandemia.

    Acesse nossas redes. Instagram @paraquedascoloridos. Site: www.paraquedascoloridos.ararangua.ufsc.br 


  • Por que Paraquedas Coloridos?

    Publicado em 23/04/2020 às 10:37

     

    Vivemos dias do fim. O encerramento de ciclos, sejam eles pequenos como nossas breves existências, ou extensos como a vida do planeta ou do universo, trazem como principal característica um balanço. Nos demos conta do fim quando lembramos do início, quando avaliamos como foi o percurso e quando tentamos tirar conclusões da jornada. Por isso vivemos dias do fim. Muito tem se dito, que após a crise da Covid19 passar, não seremos mais os mesmos. Nossas vidas já mudadas não voltarão ao que eram antes e que a vida terrena também não será mais a mesma. Vivemos nesse momento um queda vertiginosa diante de tudo que nos era habitual, conhecido, de tudo que chamávamos de cotidiano.

    De modo visionário, Ailton Krenak, indígena, escritor e ambientalista brasileiro em seu livro entitulado “Ideias para adiar o fim do mundo” já nos alertava sobre a necessidade de reinventarmos o nosso modo de viver na Terra e reconsiderarmos nosso conceito de humanidade. Krenak afirma que o uso exploratório dos recursos ambientais e o distanciamento dos valores ancestrais a favor do desenvolvimento econômico, tecnológico e científico nos distanciou da felicidade, agora entendida a partir do consumo desenfreado de objetos, coisas, animais, pessoas. Para o autor viramos bebês demandantes de uma teta que nos alimenta ininterruptamente, a Terra, e que a qualquer sinal da retirada desse alimento nos coloca diante do fim do mundo. Criamos disputas de toda ordem para manter a teta e, assim, criamos abismos entre nós, já não somos mais uma humanidade. Krenak então interroga o leitor se os abismos já estão colocados e se a queda é inevitável (até porque já caímos tantas vezes em tantas partes do mundo) como ressignificar o existir humano na Terra? Como reinventar a palavra humanidade?

    Perguntaríamos: como viver a queda imposta por essa pandemia inédita para nós?

    Inspirados na resposta de Krenak, apostamos também na criação de paraquedas coloridos. Invenções coletivas, formas de viver pautadas na fruição do aqui e do agora, em harmonia com nossa ancestralidade, alimentados pela vivência amorosa com a Terra, nossa grande mãe, essa que nos faz ser quem somos, essa que somos nós.


  • Olá, mundo!

    Publicado em 15/04/2020 às 14:15

    Somos um projeto de extensão ligado ao Laboratório de Humanidades da UFSC Araranguá e queremos estimular a escrita inventiva de estudantes, servidores e comunidade externa.

    Ajude a divulgar a ideia! Siga nosso Instagram: @paraquedascoloridos