Por que Paraquedas Coloridos?

23/04/2020 10:37

 

Vivemos dias do fim. O encerramento de ciclos, sejam eles pequenos como nossas breves existências, ou extensos como a vida do planeta ou do universo, trazem como principal característica um balanço. Nos demos conta do fim quando lembramos do início, quando avaliamos como foi o percurso e quando tentamos tirar conclusões da jornada. Por isso vivemos dias do fim. Muito tem se dito, que após a crise da Covid19 passar, não seremos mais os mesmos. Nossas vidas já mudadas não voltarão ao que eram antes e que a vida terrena também não será mais a mesma. Vivemos nesse momento um queda vertiginosa diante de tudo que nos era habitual, conhecido, de tudo que chamávamos de cotidiano.

De modo visionário, Ailton Krenak, indígena, escritor e ambientalista brasileiro em seu livro entitulado “Ideias para adiar o fim do mundo” já nos alertava sobre a necessidade de reinventarmos o nosso modo de viver na Terra e reconsiderarmos nosso conceito de humanidade. Krenak afirma que o uso exploratório dos recursos ambientais e o distanciamento dos valores ancestrais a favor do desenvolvimento econômico, tecnológico e científico nos distanciou da felicidade, agora entendida a partir do consumo desenfreado de objetos, coisas, animais, pessoas. Para o autor viramos bebês demandantes de uma teta que nos alimenta ininterruptamente, a Terra, e que a qualquer sinal da retirada desse alimento nos coloca diante do fim do mundo. Criamos disputas de toda ordem para manter a teta e, assim, criamos abismos entre nós, já não somos mais uma humanidade. Krenak então interroga o leitor se os abismos já estão colocados e se a queda é inevitável (até porque já caímos tantas vezes em tantas partes do mundo) como ressignificar o existir humano na Terra? Como reinventar a palavra humanidade?

Perguntaríamos: como viver a queda imposta por essa pandemia inédita para nós?

Inspirados na resposta de Krenak, apostamos também na criação de paraquedas coloridos. Invenções coletivas, formas de viver pautadas na fruição do aqui e do agora, em harmonia com nossa ancestralidade, alimentados pela vivência amorosa com a Terra, nossa grande mãe, essa que nos faz ser quem somos, essa que somos nós.